CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

sábado, 13 de dezembro de 2014


 
 
 SOU ETERNO - EM TI!
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O mundo permanece o mesmo. É mundo. Eu é que, sabe-se lá porquê, comecei a vê-lo com outro olhar: o olhar da experiência compassiva. O olhar do verbo perspetivar. A visão da idade vivida, e renovada, no olhar juvenil dos que, agora, caminham onde caminhei.

Já me disseram: a vida é um conto ligeiro. Concordei! Afirmam-me, a pés juntos, que somos semelhantes a um vapor: aparece e, rapidamente, se desvanece. Acredito! No entanto, sinto que sou mais do que tudo isso, quando, através das pessoas que amei e amo, vou deixando, de forma perfeitamente indelével a minha presença.

O Amor não é efémero. O Amor é Eterno! E, Nele, sou renovado: através da intemporalidade dos que me foram dados, para me transformarem, de modo altruístico, numa pessoa melhor. O mundo é mundo; mas o meu mundo é mais rico, desde o dia em que Te conheci. .
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 Pj.Conde-Paulino

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014



A AVE DO TEMPO
PjConde-Paulino

A prima Prosa chegou cerca das dez horas da manhã. O tio Criativo estava no escritório, ao fundo do quintal; mas, também estava em viagem, pelas estepes da Mongólia, a caminhar, na vegetação rasteira, com o clima frio e seco. Ali não há influência marítima; mas, as barreiras rochosas, são a realidade onde mora um povo, que precisa da sua bondade, antes da primavera.

A jovem Prosa, com os seus olhos castanhos, a brilhar, foi cumprimentar com um beijo a ti_Natural que estava de avental branco, na cozinha, a cantarolar uma moda alentejana, com as mãos e o rosto polvilhados de farinha; cozinhava muitos bolos, para oferecer ao Centro de Apoio a Famílias Carenciadas. Nessa manhã, a menina Poesia, estava particularmente saudosista. Quando viu a prima, correu para ela e deu-lhe um abraço muito efusivo. Estatelaram-se na relva do jardim com o rosto afogueado. Sentadas, a menina Prosa disse para a prima Poesia: «Agora, para ser perfeito, só falta aqui o amigo Poema». Parece que andava, lá, para os lados da courela do Chico Musical, a colher folhas de alecrim com o seu pai, conhecido na aldeia global por Guarda-Livros.

Elas, as bonitas primas, começaram a cantarolar, num dueto afinado – quase sempre –, até que, do fundo do jardim, escutaram uma gargalhada bastante sonora. Era o Poema, com as mãos sujas de terra e os pés descalços, com os dedos grandes a precisarem de passar pela água do tanque. Lançou-se, atrevido. A água saltou em mil direções e, as duas jovens, atiraram maçãs com bicho, na cabeça loira do amigo de infância.

Depois do banho do rapaz, a mãe de Poesia, trouxe um lanchinho apetitoso com chá e bolinhos. Satisfeitos, deitaram-se na relva à sombra fresca da palmeira. Nesse momento, Poesia, recordou aos amigos um período da história comum, quando viajavaram pelo sul de Portugal, nas asas de uma ave de mil cores, oferecida pelo Pai CriaTivo, no dia do seu nascimento. O nome da ave era Tempo. A Ave-do-Tempo. Poesia apertou a mão de Poema e ele, de pálpebras cerradas, com o som da água a correr na bica da fonte romana e os pintassilgos a chilrearem entre as folhas das laranjeiras, declamou:
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No princípio Criativo fez a terra
Deformada, pelas trevas do abismo
A poesia: pairava em finisterra
Nas águas infinitas, sem sofismo.
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O tempo, não teve tempo, e deu à luz
O prémio da vitória sobre as trevas
E o Poema: foi manhã em contraluz
O primeiro, dia puro e sem reservas.
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Mãe-Natural foi feliz no paraíso
Com a Prosa rabiscando liberdade
Inspirada em poesias de improviso
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Pariu amor, nesse tempo sem idade
Abençoando as crianças e o sorriso
Da poesia: no Poema-felicidade.
*
Os três amigos fecharam os olhos...e voaram juntos -, nas asas da Ave-do-Tempo; sonhando a vida, a esperança e o amor - na união das tribos, povos e nações: através da linguagem fresca, da menina Poesia!
 
In Histórias da Menina Poesia - PjConde-Paulino

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

COMPANHEIRISMO
 

Decidimos. Está decidido. Vamos viajar! Os sorrisos apareceram: mais bonitos; ainda mais bonitos? Sem dúvida: inolvidavelmente indeléveis. Os dias e as noites não dormiam - tal a expetativa sonhada, pela estrada fora, antecipando as paisagens, surpreendidas, pela passagem dos nossos olhares a transbordar de curiosidade.
“Pai, está na hora. A mãe já prepara o pequeno almoço.”
"Já? - Olhei, duas horas da madrugada. Não consegui abrir os olhos, de sono, num parto difícil. Nem tinha passado uma hora. Pari a vontade-perfeita, das vontades comuns. Fiquei em pé, como se estivesse acordado. Não estava.
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A “magana,” estava preparada. Combustível a transbordar. Bagagens a saírem das fraldas. GPS preparado: “Hoje temos que fazer, quase, mil quilómetros. - Disse o navegador de serviço, sentado ao meu lado com a voz grave da manhã. Não consegui emitir mais do que um pequeno “grunhido. Ainda me sentia parturiente. Afinal, estas horas não são para andar nestas aventuras. Minha rica caminha. “Eu sei que sou elegante, mas, pelo menos um lugarzinho para os meus pés de Cinderela."- A companheira de viagem estava a tentar sentar-se no seu lugar de honra. O colega do lado riu e disse: “Olha, pergunta ao pai. Ele é que é o especialista nos arrumos." - Riram os dois. Eu, voltei a emitir um sonzinho gutural, sem o nexo das palavras faladas entre os humanos.
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A madrugada amanheceu nas montanhas, ainda geladas, com o eco da língua castelhana. O frio da manhã entrou-me pela pele, fora do automóvel. Cheirinho a café. Pão quentinho, nas mãos preparadoras da mamã”. Cá o “Je” continuava a tiritar de frio, com o meu “corta-vento” vestido no corpo do nosso filho, mesclado, pela alegria do roubo antecipado, do meu casaquinho tão desejado. Mas, nele, também fica bem.
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A chuva recebeu-nos à entrada da bela Biarritz; cidade costeira: princesa de França, dignificando o oceano, que a beija, na ondulação atlântica. O Hotel era francês. A rececionista também. Aclarei a voz, e disse, no meu melhor francês: “Bonne nuit. Je suis Paulo Conde-Paulino et j'ai réservé une chambre". A francesa olhou para mim, e respondeu, solícita: “Hola. Buenas noches. Bienvenido a nuestro hotel.- O meu “navegador" escondeu-se, atrás da mãe, a rir. A progenitora tentava, ingloriamente, manter a pouse de Condessa. Riram a bandeiras despregadas, duvidando da qualidade intrínseca do meu francês.
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As camas da suíte eram excelentes, alvas e convidativas. O cansaço da viagem já não dava para as "suites-musicais, numa cadeia de danças, ordenadas no romantismo que nos apraz. A Condessa foi experimentar; adormeceu, nos braços de Morfeu. O "Condinho, e eu: não conseguimos chegar aos respetivos leitos. Despertámos: na manhã seguinte -, já o sol ia alto. Tínhamos sucumbido, ingloriamente, nos sofás. Não chegámos a saborear o conforto dos leitos-fraternais, enfeitados pelas almofadas de penas e saudade.
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º ********************************************************************************************************** Companheirismo: laços profundos. Memórias vivas, abraços e saudade! Viajar com quem me ama de forma tão única é algo arrebatador...Arrebatador, sim: é indesmentível, o sentimento nestas viagens, ao visitar, visitando a quem nos quer tanto: companheirismo inigualável: leal, e verdadeiro. . Texto de viagens, por PjConde-Paulino
 
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Texto de viagens, por PjConde-Paulino
 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014


MORRER POR TI


Hei-de inventar a melhor maneira de morrer por ti”.
Hei-de subir o Evereste que não esquece o teu nome
Hei-de estar no cume eternizando a saudade
E serei necrópole de vida em boreal l`atitude

Que nenhum deus invente a tua morte
Que nenhuma brisa difame a tua sorte
Que nem as mágoas-de-ontem sejam hoje
Que eu seja o escudo a espada e o teu forte
Na pátria do esquecimento de quem ama

Dilema setentrional onde habita a vontade
É a vertigem da certeza de morrer por ti
Nas estepes onde corre o vento e a liberdade
Corro para te encontrar -  para te ver feliz

Se o mundo ruir em apocalípticas profecias
Se a glória fútil cortar as línguas viperinas
E corpos endeusados sucumbirem frágeis
Nas passerelles das vaidades doentias
Serei quem te guarda - a estrela que te guia

Não serei o teu livro de inibições literárias
Não serei um prefácio de frias gratidões
Nem serei capa dura de anseios gramaticais
Serei aquele que te ama de sentimentos leais

Na cadência viva dos teus dias - na vida vivida aqui
Quero-me teu no êxtase do amor perfeito
Ressurgindo “dan La Petite Mort” - vivificado! Hei-de de morrer em Ti!





Hei-de Inventar – Poema de PjConde-Paulino

quarta-feira, 19 de novembro de 2014



ENLACEMO-NOS, por PjConde-Paulino







Ambos, com trinta anos de vida. Ela, amava-o! Amar-se-iam, depois de tantos anos? Surgiu, inesperadamente, o reencontro. Remexeu a alma; a poesia. Só o Poema poderia reconquistar o amor de infância. Os dois, em silêncio! As ondas da praia afagando o molhe. Ela, ainda trémula, demonstrava o que sentia, através do poema:


Para sonhar a vida antes de ter nascido
Para ser mãe ao colo de minha mãe
Para escutar a tua voz e acreditar
Nasci contigo no parto do verbo amar

E fui menina o aconchego do teu berço
Fiz-me riso em delicado jasmim
Fui palácio-alegria de anjos e serafins
Autossilenciado eterno ficaste em mim
Agora: beijo-te o sorriso de precioso feitiço

Nestas ruas de verão ao sol escaldante
Sem o véu da tua presença sinto-me nua
E sei que és o que me veste sendo tua

Vem e corre na alvorada insinuante
Preciso dos teus passos nos meus passos
Voa na atmosfera transcendente
E vem pousando na praia do meu corpo

Se as lágrimas forem pérolas - enriqueci
Se os universos surgirem nos abraços
Se os beijos e desejos forem laços
Enlacemo-nos...Eu em ti e tu em mim!

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- Enlaçaram-se - Agora, com quase setenta anos, vivem a sorrir, ao ritmo das brincadeiras dos netos, na relva no jardim.

 

In Histórias de Amor - sem tempo – .PjConde-Paulino

sexta-feira, 14 de novembro de 2014




QUERO O TEU REGAÇO - por PjConde-Paulino


Naquele tempo o mundo era outro.
Hoje sulco as pedras, a ressurreição,
A emoção e as ervas do caminho...

Ainda te oiço, voz, prenha de ternura
- Dentro do meu peito a entoar futuro.
Ainda beijo, lábios: ecos de tremura
- Qual menino: tímido e intrépido -,
Madrugando sou, frutos e memória.

Naquele tempo o mundo era novo.
Agora, rejuvenescidos e fecundos,
Abracemo-nos, eternos, no renovo.

Nas pérolas das lágrimas escondidas
Cintilas a beleza da vida - a esperança.
Na elegância de ontem és, mais-Ainda:
Menina-mulher - Sonho e presença...
Sinfonia turbulenta de suave ocarina.

Deixa-me sorrir, outra vez, no teu sorriso.
Deixa-me beijar-te os passos, a compasso
E adormecer, de-Novo, no teu regaço!



 

Novembro 2014 -Poema de PjConde-Paulino -

( Muitos anos depois – O reencontro, nos Jardins de Belém. Ele declama-lhe o poema que traz guardado no peito.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


 
 

NA PERFEIÇÃO, por PjConde-Paulino


Era perfeito. Perfeito? Sim, nas imperfeições que apresentava. O mundo era novo, todos os dias, naquela terra de gente velha. Eleito, pela ordem de chegada, o morador do ano, era, entre as habitantes antigas, o assunto preferido das conversas desdentadas.

Os trinta a e oito anos eram novos e provocantes. « O rapaz, o da cidade, parece boa pessoa! Parece? Isto, quem vê caras não vê corações! Que pena, ter aquela marca na cara; não fora isso e seria perfeitinho, um príncipe.»

Cansado da cidade e do stress da profissão, decidiu, depois do acidente, voltar às origens. Voltou. Encontrou, no meio da serra, um aglomerado de casas com três casais septuagenários, três viúvas centenárias, um solteirão com menos de sessenta anos e, ainda, dois casais, com cinquenta e nove primaveras. Ah, e uma amiga de infância, da sua irmã mais velha, com 45 anos; a Rosa.

A Rosa já fora casada; enviuvou. « Está boa, esta Rosa». Pensou o “Perfeitinho” antes das dez da noite. «Nunca pensei encontrar uma flor, ainda viçosa, nestas serranias». Quando as corujas saíram para caçar ela entrou, pela porta dos fundos, para ver o filme no computador do rapaz. Com algumas imperfeições a noite aperfeiçoou-se; e, nove meses depois, a Rosa foi mãe. Ele, inesperadamente, ficou perfeito; era pai. Pai! Na perfeição do seu filho.

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014


 
 SÍNDROME DA ABOBOREIRA, por PjConde-Paulino
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Depois do naufrágio, Jonas, o mensageiro, não era mais o mesmo. A sua rebeldia tinha ficado no mar das tormentas; onde, os peixes grandes: os maiores, prendem os homens e as mulheres dos homens, no ventre do egoísmo.
 
 No entanto, antes da novidade, da boa: Jonas, o mensageiro, correu a cidade de lés-a-lés. Três dias. Três dias com as perninhas a dar-a-dar e a voz rouca de tanto dizer, de anunciar: as virtudes da mudança. Uns torceram o nariz. Outros, antes do nariz chegar, fecharam a porta na cara do Jonas. Os mais pobres pediram-lhe um subsídio. Os mais pobres dos pobres, queriam uma cana para pescar – queriam trabalhar. Os mais ricos: os poderosos, os dos palácios e palacetes, castelos e villas – lá para os lados de Nínive-de-Cascais -, solicitaram-lhe o perdão da dívida, com um remanescente, de juros bonificados. As piscinas precisavam de azulejos novos!

Imagino-o, na Praça do Comércio de Nínive-Egoísta -E-violenta, aclarando voz. Deu três pancadinhas no microfone, que não tinha – ainda não fora inventado. Jonas era, assim, uma espécie de vedeta dos tempos modernos. Apareceu, subitamente, com roupas estranhas. Pudera, fora vomitado pela tempestade desenhada em forma de peixe. Uma espécie de tsunami, nascido no coração dos homens e das mulheres, da Nínive-Egoísta-E-violenta.

Aquela sociedade era superlativamente egoísta, fútil e violenta. Não respeitavam os mais velhos, nem os mais novos, nem a si mesmos. Quem os desafiasse era pendurado nas vergas dos portões das muralhas e nos pelourinhos das praças do diz-que-disse.

Jonas, disse. Falou. Gritou. Anunciou. Vociferou e teve medo do que disse. Afinal, as palavras, além de tudo e da vida, nem eram dele. Era um simples mensageiro. Mas, corajosamente afoito, afoitou-se com a promessa de vida ou de morte.
 
 Como embaixador, do Reino-do-Amor-Compassivo-e-Justo, com a mensagem escrita no pergaminho, era pessoa simples, mas com mau-feitio. Vamos espreitar, antes que o Jonas acorde da sua sesta, debaixo da aboboreira. Leiam em silêncio, ainda assim, não acorde mal disposto: “ Se não se arrependerem, dos maus caminhos, em quarenta dias perecereis. Se continuardes a ser violentos, na violência morrereis, por dentro”. Parafraseando. Só isto.

Ele, na sua sede de vingança, queria ver a destruição daquela gente malvada. Enganou-se. Aquelas pessoas foram dignas da oportunidade. Mudaram de vida. O paradigma, torto, endireitou-se. Há esperança para a Humanidade.

O deserdo era difícil fora da cidade. Ainda assim, para servir de bálsamo e proteção à cabeça calva de Jonas, nasceu uma aboboreira linda e frondosa. Estava feliz com a simplicidade eficiente da planta. Muito feliz. Depois, irritou-se por Deus não matar aquela gente. Quando Jonas viu o resultado do mudança, na vida do povo ninivita, ficou irritado. Queria fogo. Queria espetáculo. Queria ser profeta de sinais. Mas o Rei do reino do Amor-Compassivo-e-Justo, mudou o propósito perante a mudança de atitude da Humanidade. Afinal, somos o que semeamos.
 
 Estava Jonas debaixo da aboboreira quando ela começou a secar e a deixar de dar sombra sobre os pensamentos do nosso amigo. Perdeu a paciência com o seu Rei. Barafustou. Praguejava e dava murros no ar até que, inesperadamente, ouviu uma voz: “Fazes bem em te irares por causa da aboboreira? E ele, amuado, disse: Faço bem que me revolte até à morte. - O Rei respondeu: «Tens pena da aboboreira, na qual não fizeste nada para que tivesse crescido, e não hei de eu ter compaixão das pessoas e também dos muitos animais?»

Por vezes somos como Jonas, com o Síndrome da Aboboreira. Preferimos o mal dos outros para mostrar que temos razão. Sabem? Quando mais me vejo, melhor reconheço as minhas imperfeições e, nelas, quero aprender solidariedade, Quero curar-me, todos os dias, da Síndrome da Aboboreira.
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Nota: Esta história é uma adaptação, livre e pessoal, da história do Jonas - da Bíblia. Com os devidos créditos.
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SABE-SE DA VIDA


Sabe-se da vida o que a vida não dá.
Sabe-se tanto, sabendo, o que o tempo já disse e nos trará.

Sei o mar, as gaivotas, a maresia;
Sei do nascer para ser tudo...
Contudo: sei o pretérito e a nostalgia.
Sei o tempo e as marés subtis
O encantamento dos astros juvenis
Sei: a areia prateada e a dor de não ter nada.

Mas sabe-se da vida: os sonhos, as quimeras
Nascidas das fráguas derretidas - nas fronteiras
Do amor e do ódio...
Sabe-se que a vida não dá morte.
A sorte, perfeita no engaste, é gládio
Do Deus que tudo pode.

No entanto, os gumes afiados dos demónios,
Cortam promessas nas mentes que sucumbem
E não vencem: na peleia da maré - negra -
Da ideia já vencida...

Sabe-se que a vida é viva, é sonho e fantasia.
O que a vida não quer é morte: então, por dote - Viva!





– poema -, de PjConde-Paulino

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Lápis do Tempo – de PjConde-Paulino


Na ponta do lápis, o carvão marca a folha amarelecida pelo tempo.
A tempo: fomos crianças, sob a oliveira, onde a inocência se abrigou.
O lápis nunca se cansou; rabiscou: os números dos dias que vivemos;
e a alma: habitante do corpo que amamos!

Desenho o dedo da tua mão no meu nariz - com a matriz:
- Cavalgando os póneis-cadeira, à volta da mesa feliz!...
Depois, depois traço a tua ausência, na cidade grande.
E sou tolhido; pelo medo de te perder e ser vencido!

A ponta do lápis partiu-se, antes de te encontrar, adolescente.

Eras longe, no mundo-novo - além do rio, além do vento!
A navalha afiada amolou a argúcia, para te encontrar e amar.
E o lápis do Pintor...voltou a desenhar, sobre a folha do tempo.
Esboçou a memória - os encontros e reencontros da nossa História.

Não, não tracei a vida com perfeição; desenho-te: menina-emoção;
Menina-Mulher; poesia do pretérito-perfeito!
Vida-encantada - o sonho eleito, do meu ser tão imperfeito...
E esta vontade: pintar-te na tela do Amor- Sem-Idade!

És o meu poema-natural, a minha chuva e o meu sol!
Vida-do-meu-Ser: na pureza do crisol, na arte de saber-viver!
Assim, na memória da Vida-Real : o sonho precisou de acontecer.



quarta-feira, 22 de outubro de 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014


ANDORINHAS DE PRAZER..., de PjConde-Paulino


Neste dia de silêncio e ausência
É tão próxima a tua presença.

O horizonte fala-me de ti
A brisa viaja na minha pele
E as andorinhas
Que construíram ninhos antes da viagem
Prometeram voltar
Para burilar os claustros da saudade.

As andorinhas nunca esquecem
a casa onde nasceram.
E fazem voos na promessa do teu sorriso
Como se a vida dependesse de ti.

Neste dia de silêncio e ausência
É tão próximo o medo de amar.

O final do prazer é misterioso
A viagem são corpos com asas
E as andorinhas...
Que parecem ter medo antes de entrar...
Corajosas...prometeram voltar.



Poema- 20/10/2014 -


Nota suplementar: Além de muitos outros significados, as andorinhas representam o amor verdadeiro, seja entre amigos, família ou parceiros. As andorinhas são eternamente fiéis à sua alma gémea.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014



 
 
 
 
 
 
 
 
 





A CARNE E O ESPÍRITO, por PjConde-Paulino*



A Palavra é viva e eficaz...
Mais penetrante do que espadas.
Rompe as fronteiras da dúvida
Sangra nas veias-legendas
Pulsa no coração da poesia
Corta...entre juntas e medulas.

Seremos ondas a bater nas rochas?
Seremos brisa em manhã submersa...?
A alma é etérea, o espírito vivifica,
E voamos...nas estrelas eternas.

Alma... Corpo... Palavra...
Somos nós: somos tudo, e nada,
Somos espírito e somos carne.

É de carne que se faz o poema.”
É de corpo que se faz o amor
É na alma que sentimos a dor;
E exultamos...o pulsar da vida.

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A Carne e o Espírito – Poema.

sábado, 11 de outubro de 2014


 
MENINA-MULHER , por PjConde-Paulino-


Olhos verdes postos no horizonte, com as oliveiras centenárias por testemunhas. Pés pequenos, descalços, a pintarem os passos na terra fofa e solta, do terreno lavrado. Sabia-se menina desde que nascera no corpo grávido da mãe. A progenitora era amorosa, como a terra na Primavera, depois dos homens da lavoura charruarem os terrenos férteis, à volta do Monte da Pureza.
 
Nessa manhã sentiu-se grande; maior do que o tempo, maior do que os anos, maior do que o mês passado: quando a amiga da escola lhe contou que tinha sangrado e que a mãe lhe dissera: Agora já és mulher».     
 
Era o principio do ano agrícola. Os hectares da fazenda estavam nus, quase livres de vegetação, com as pequenas montanhas a norte, mais belas e salientes. Era o tempo das sementes serem lançadas à terra-mãe. A menina dos olhos-verdes já era terreno fértil. As sementes já teriam futuro, no ventre protetor da nova menina-mulher. O mundo mudou, só porque um dia, as pernas se pintaram de vermelho-sangue, a prometer ressurreição.
 
O corpo já não era bebé. As formas físicas eram novidade em cada manhã. O Sol não era igual. A Lua já tinha quartos novos. Até Jorge, o amigo de sempre, a olhava com olhos estranhamente admirados, como se vissem o mundo pela primeira vez. E os outros rapazes mais velhos, os casados, os que ainda não eram, e os homens mais conhecedores; estavam diferentes, esquisitos: nos olhares esbugalhados que lhe lançavam nas tardes quentes, quando se banhava no tanque grande da horta. Tudo mudara; só porque o seu corpo saiu do casulo da natureza. Deixou de ser menina e renasceu Mulher.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A PÁTRIA DA POESIA, por PjConde-Paulino -

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Só um poema a podia salvar.
                        Só um poema...

No ventre da botelha mensageira,
a missiva reverberava o mar; na hora da canícula soalheira, leio a plangência, a palpitar.
         «Só um poema, só um poema a podia salvar!»

Minha-Pátria, prosaica e linda,
na língua preciosa de Camões; abre as gelosias da varanda, sente o pulsar dos corações.

E o diafragma dos poetas, a exorar:

         «Só um poema, só um poema a podia salvar!»

Se das palavras a poesia fosse
a liberdade que a alma sente, e entre as crianças se dissesse, aquela verdade que não mente...

Seríamos esperança, a vibrar, na poesia de um povo-novo; e o diafragma dos poetas, a clamar:

         «Só o Renovo...Só, só o Poema...a pode salvar!»


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Poema - 10/10/2014

quarta-feira, 1 de outubro de 2014


GRÁVIDOS DE AMOR, por PjConde-Paulino

*
O nosso menino já nos encantou.
É filho do amor entre nós dois!
- Bebé!agora o mundo mudou:
O antes de ti, é sempre depois.

Imaginamos-te: feliz-sorriso
Na voz da alegria imaginada
Desta felicidade: higrómetro:
Medindo a doçura refinada.

Vem...veste a luz, criança amada
Herança - do céu foste prometido.
Venceste as trevas da madrugada
Pelo Amor-Maior...envolvido!

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*In Contos da menina Poesia – Livro.

*“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
*
TEMPO DE LUZ , por PjConde-Paulino
*
*
No princípio Criativo fez a terra
Deformada pelas trevas do abismo
A poesia pairava em finisterra
Nas águas infinitas, sem sofismo.
*
O tempo não teve tempo e deu à luz
O prémio da vitória sobre as trevas
E o Poema: foi manhã em contraluz
O primeiro: dia puro e sem reservas.
*
Mãe-Natural foi feliz no paraíso
Com a Prosa rabiscando liberdade
Inspirada em poesias de improviso
*
Pariu amor nesse tempo-sem-idade
Abençoando as crianças e o sorriso
Da poesia: no Poema-felicidade.

*

*In *Contos da menina Poesia. - Livro.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014


A CEFALALGIA DA SAUDADE, por PjConde-Paulino
*

*Na cefalalgia
que me resfolega a alma,
guardo a bonança

da tua lembrança,
na ausência imensa

que me transforma...

os segundos, as horas,
em infinita demora
- que me atormenta
e castiga - por te amar,
e navegar,
ao encontro
do teu sorriso

apaixonante:

ontem,
hoje, agora, ao madrugar:

- a cefalalgia
afinal não dói

- é a paixão sem idade
é amar...

em cada segundo da saudade!

*

*

*Poema. 2014/05/16

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Ao som de:https://www.youtube.com/watch?v=pgbUAylPOiI



O PELO-DE-NEVE -. Conto de PjConde-Paulino.
*

Era uma vez...Um cão de pelo branco com nuvens amarelas, num dia de chuva, perdido na rua dos gatos. No quintal do Zé da Prosa havia muitos gatos. Gatos brancos, pretos, cinzentos e uma gata amarela, bonita: a Malhadinha. O talhante da aldeia gostava de ver os gatos aristocráticos. Mas, naquela manhã de chuva, apareceu o Pelo-de-Neve. Pensou: «Este território é dos gatos; que cão será este, tão corajoso? Vou buscar a espingarda velha para o expulsar da nossa terra». - O Pelo-de-Neve escutou o pensamento do Zé da Prosa e fugiu.

 O talhante pensava alto; tão alto que os peixes do poço-frio sabiam o seu pensamento, antes de baixar o garrafão de vinho branco com uma corda, até às águas transparentes e frias do poço: o frigorifico daquela rua, e da outra também.

O Quincas gostava dos animais. Falava com eles, enquanto lhe passava as mãos no pelo. Os gatos gostavam do Quincas e ronronavam à volta das suas pernas. O Quincas era alto, para os gatos. Para os outros meninos não era alto, era normal; um rapaz como os outros.

Naquela manhã a chuva caía miudinha sobre as couves, as alfaces e nas folhas do limoeiro da horta do Ti `Rato. O Quincas gostava da chuva quente de Setembro. As aulas só começavam em Outubro. Escutou uns passos apressados, diferentes:«Aqueles passos não são de gatos». Segurou a respiração. Espreitou entre as tábuas do portão do quintal de sua casa. Não viu nada. «Estarei com alucinações auditivas»? Um vento forte veio do lado do ribeiro da amendoeira e fez cair um feixe de lenha do bardo do quintal. Ali estava ele. Olhou o Quincas. Baixou os olhos de cachorro perdido; meteu a cauda branca com pequenas nuvens amarelas entre as pernas e ladrou baixinho, quando sentiu a “festinha” no dorso molhado.

Quincas ficou muito feliz. Tinha um novo amigo. Mas, a mãe não queria animais lá em casa; a não ser a gata-Malhadinha, que era da família, desde que nasceu.

O leite das duas cabras para fazer os queijos, começou a desaparecer da grande panela de esmalte. A mãe andava desconfiada. O Quincas alimentava secretamente o Pelo-de-Neve com sopas de leite. Uma noite o irmão mais velho do Quincas sentiu um cheiro estranho no quarto onde dormiam os dois: «Que cheiro é este? Cheiras mal dos pés. Vai lavar esses pés malcheirosos; ou então, vais dormir na cabana com as cabras». Antes de acabar a frase, o mano viu uma cauda branca com pequenas nuvens amarelas a abanar, ao lado da cama. Era o Pelo-de-Neve. E agora?

A irmã dos rapazes: a do meio, entrou no quarto e gritou:
- Mãeee eles tem um cão no quarto.
- Caaala-te queres que o bicho te morda? - disse-lhe o irmão mais velho, num sussurro.
- Vocês não sabem que é proibido ter animais no quarto?
- Sim, mas este é um cão mágico, - inventou o Quincas - tem poderes especiais.
- Mentiroso, não tem nada. - resfolegou a menina.
- Está bem, mas olha, vamos os três guardar segredo; é o nosso segredo,- disse o mano mais velho. Ela concordou: Concordaram os três.

Os pais acharam estranho aqueles segredinhos suspeitos.
- Aqui há marosca. - disse o pai, naquela tarde de sábado - tão amiguinhos, os três, ao mesmo tempo? Hum....O que achas disso minha esposa?
- Eles pensam que me enganam. Anda aí um cão abandonado pelos caçadores. E tu já sabes como é o Quincas. Ontem, quando estava a varrer o chão do corredor, vi uns pelos de cão branco, fui varrendo e, dentro do quarto havia um cheiro a cão. Ainda pensei: mas estes meninos agora não se lavam? Depois vi o animal a rondar o quintal do Zé da Prosa. Fiz contas: dois e dois são quatro. Marido, queres tirar a prova dos nove?
- Quero, quero, estou muito curioso.
- Oh “Zinha, vem falar com a mãe.- chamou a progenitora.
- Não posso, mãe: estou a falar com eles.
- Mau, mas quem é aqui a mãe? Eu ou tu?
- Oh, eles não me deixam ir...
- Xii, tão pantomineira. - vociferou atrapalhado, o Quincas.
- Mãe, - falou o mais velho - temos um assunto para falar com o pai e com a mãe.

O pai sentou-se na pedra que dividia a estrada, da horta do vizinho. A mãe sentou-se na pedra seguinte. As crianças aproximaram-se como se fossem uma companhia militar: lado a lado. O Quincas sentindo-se responsável deu um passo em frente e começou por dizer:
- Bem, é assim...Tenho um cão.
- Tens um cão, de loiça? - Indagou o pai como se não soubesse.
- Não, um cão de verdade, mesmo...mas não é um cão normal, é...o mais inteligente do mundo. Pai, mãe, vão ver que vão gostar muito dele. - A mãe fez uma cara muito séria e disse-lhes:
- Mas os meninos não sabem que não quero animais cá em casa? Quem vos deu permissão para trazerem um, sem a nossa autorização?
- Oh mãe, mas ele é tão bonito, tão espertinho - arriscou a menina - Prometemos que lhe damos banho. O mano vai ao médico dos animais com ele. O Quincas dá-lhe a comidinha...

O pai sentia tanta vontade de rir perante a representação sincera das crianças. Mas lei é lei. E, lá em casa, existia esse principio desde que o Quincas e os irmãos se esqueceram de dar água aos gatinhos da vizinha Maria Jacinta quando ela e o marido foram de férias. Os gatinhos faleceram com sede.

No dia seguinte a mãe levantou-se cedo. Foi colher uvas com a comadre Rosa, na pequena vinha herdada dos avós. Inesperadamente surge um cão vadio: enorme, esfomeado e feio, a rosnar com raiva. As duas mulheres tentaram afugentá-lo com paus e pedras; pior: ficou mais enraivecido. Precipitou-se furioso, contra as duas comadres, apavoradas.

Milagrosamente surge o Pelo-de-Neve, sobre a cabeça da fera enraivecida, ferrando-lhe os dentes no pescoço. Quase ao mesmo tempo a gata-Malhadinha e os seus amigos, cravaram as unhas afiadas na cauda, no dorso e nos calcanhares do monstro de quatro patas. No meio desta luta titânica as mulheres refizeram-se do susto e conseguiram expulsar o animal medonho. Saíram dali muito agradecidas aos gatos aristocráticos e ao...O Pelo-de-Neve tinha desaparecido. Viram o rasto das suas pegadas coloridas de sangue. Desapareceu no mato; estava ferido...

O trio de irmãos assim que soube do sucedido, partiu apressadamente, na direção das vinhas. Depois de percorrerem muitos terrenos bravios e os de cultivo, o Quincas parou e disse: « Já sei onde está o Pelo-de-Neve. Está no pego da pedra na ribeira da Caridade. Os irmão olharam para ele, deram-lhe uma palmada nas costas e disseram em coro:« Vamos lá». Foram, e encontraram o amigo lambendo as feridas junto das águas cristalinas sobre os seixos polidos.

O Pelo-de-Neve viveu em casa dos nossos amigos o resto da sua vida. Ah, e foi o companheiro predileto da mãe do Quincas nos dias em que se levantava cedo para trabalhar nos campos. O lema lá de casa ficou até aos dias de hoje:« Os amigos são preciosos tesouros, guardados no coração das nossas casas; e podem ser aristocráticos, ricos, pobres mendigos, de todas as cores e raças!»

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*Conto de- PjConde-Paulino- inspirado na vida real-

sexta-feira, 12 de setembro de 2014















OLHAR DA MEMÓRIA, por PjCondePaulino

 
Fecho os olhos e ainda vejo...
Não sei, não sei se é memória...

Ou o olhar da alma...

Deitado à sombra sobre a esteira
Na hora silenciosa da tarde
Escuto a memória, e o vento
Na cor ebúrnea das casas
Das pessoas da minha aldeia.

Eu sei, sei que o amor é recíproco
Sem bandós virginais
Meu Alentejo babilónico
De jardins suspensos
Prazerosos dos meus ais.

Fecho os olhos e ainda vejo...
Não sei se é memória
Ou o olhar da alma...
 


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poema - 06/06/2014

terça-feira, 26 de agosto de 2014






LÁPIS DE CARVÃO, por PjConde-Paulino


Na ponta do lápis o carvão marca a folha amarelecida pelo tempo. Eu sei que ainda somos aqueles meninos a brincar junto da oliveira onde a videira se abrigou na vinha dos teus avós. O lápis não para de desenhar os números dos dias que vivemos juntos, na alma além do físico.
 
Desenho o teu sorriso discreto e o dedo da tua mão no meu nariz. Oiço as gargalhadas puras quando montávamos os póneis-cadeiras à volta da mesa da sala da tua mãe. Escrevo os dias da tua ausência na cidade grande e eu perdido debaixo das azinheiras, pelo medo de te perder para sempre. A ponta do lápis partiu-se, nesses anos, antes de te encontrar adolescente, lá longe na cidade grande, além do tejo.
 
A navalha afiada serve para afiar o lápis e volto a desenhar sobre a folha do tempo. Desenho as memórias, os desencontros os reencontros, e o amor. Na ponta do lápis desenho-te novamente. Nem sempre desenhei a vida com perfeição. Mas em ti encontro a vida, e esta vontade para desenhar, meu amor.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

lemos o poema e sentimos:

*ALÉM DOS ESCOMBROS

*A beleza não se ausentou;
está aí, dentro de ti.
A perfeita forma ainda vive
no avesso das tuas vestes.
As feridas de ontem toldam o olhar;
as de hoje afastam os que não sabem amar.
Mas eu quero ser como o Deus-do-Amor
que vê além do véu aparente
o que não mente:
O Amor.
Exijo que esse sentimento desigual
incompreendido
indefinido;
sem definição perfeita
more na casa da alma.

No acto de possuir as coisas,
foram coisas
nada mais.
No gesto de te conhecer
enriqueci e aprendi a ver
além da superfície.
Na casa onde moras quero ser, vendo
através do teu olhar: «pessoa como és bela»;
ainda que rodeada
de escombros.
Porque decididamente és linda
desde o dia em que foste sonhada.

*

*PjCondePaulino