CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

sábado, 26 de julho de 2014

 

É TÃO BONITA, por PjCondePaulino

- Mulher de ontem, hoje é -.
 
No olhar a alma é; sempre foi e será: jovem... Olhar azul, verde, castanho-esverdeado-natureza, com o fundo da noite feito de estrelas a brilhar, misturado no céu, onde as aves ainda voam como se fosse a manhã dos anos. Ontem, e antes de ontem, foi criança ao colo da mãe, nos tempos da ceifa e da monda e dos pães grandes, amassados debaixo dos telhados de telha-vã, cozidos no forno comunitário da aldeia.
 
No olhar, lá está: o brilho juvenil e sonhador. O corpo que já não é, é. No entusiasmo latente em cada memória, na pele de quem sente o amor como se fosse hoje, mesmo o que foi, na docilidade adolescente, feito de sonhos e fantasias, pintadas nas brincadeiras entre as amigas, desinibidas, na roda da contradança acompanhadas pela concertina, afinada, no banco do tocador.

No olhar a brilhar é bela, feita de história. Encanta-nos pelo que é, e foi, sendo sempre: Mulher alentejana, do norte ou do sul, de mãos a transpirar cuidados, nos trabalhos do campo com o encanto dos filhos a pedir o pão. Mulher sem medo de ser quem é, e é: menina, mulher, esposa-amante, amiga e mãe que deu a vida pelo amor que sente, no olhar a brilhar com o sentimento arrebatador de quem sabe o futuro aprendido no tempo em que saltava à corda e cantava as modas, feitas de memórias e esperança.

Hoje, na idade madura, ainda é bonita e amorosa. Hoje, fiquei apaixonado, porque vi esperança, amor e vida que se sente, qual Sara e Abraão, de mãos dadas com Isaac, o seu riso e felicidade sem idade.

No olhar é sempre jovem. Olhar azul-, verde-esperança, castanhos-natureza, com o encanto da beleza, da vida. - Antes que o mundo existisse, já Deus a tinha sonhado assim: Mulher.
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In@Castelo de Palavras e Sentimentos.
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sexta-feira, 25 de julho de 2014





    JARDIM PERFUMADO, por PjConde-Paulino
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    O teu amor
    afetuoso e perfumado
    em pétala de rosa
    semi-espinhosa
    é flor de ternura,
    vencendo a dor:
    O nosso amor
    balsâmico e abençoado
    no abraço beijado
    pela essência do perfeito-amor!*
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    In @ Castelo de Palavras e Sentimentos.


  MÃE, por PjConde-Paulino
 











( *Memórias do Alentejo)

A mão da minha mãe
Segura a minha, de menino
Para chegar ao ribeiro -...

Feito de água, cristalino.

Oiço o canto rouxinol
O Ti”Manel" lá na horta
Eu na relva a brincar
E o cão deitado à porta.

Sabe lavar a cantar
Fralda fé e casaquinho
Do seu menino cuidar

Sem nunca desanimar
A preparar o seu ninho.
Mãe...É poema de amar
!
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 PjCondePaulino. Sonetilho.013/12/9
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quinta-feira, 24 de julho de 2014

foto de Carmo Paulino. - Modelos fotográficos:  Pj e Natanael Conde-Paulino

COMPANHEIRISMO

Decidimos. Está decidido. Vamos viajar. Os sorrisos apareceram mais bonitos; ainda mais bonitos? Sem dúvida; inolvidavelmente indeléveis. Os dias e as noites não dormiam: tal a expetativa sonhada pela estrada fora, antecipando as paisagens surpreendidas pela passagem dos nossos olhares a transbordar de curiosidade.

     “Pai, está na hora. A mãe já prepara o pequeno almoço.”
     "Já? - Olhei, duas horas da madrugada. Não consegui abrir os olhos de sono, num parto difícil. Nem tinha passado uma hora. Pari a vontade perfeita das vontades comuns. Fiquei em pé, como se acordado estivesse. Não estava.

A “magana” estava preparada. Combustível a transbordar. Bagagens a saírem das fraldas. GPS preparado:
     “Hoje temos que fazer quase mil quilómetros. - Disse o navegador de serviço, sentado ao meu lado com a voz grave da manhã. Não consegui emitir mais do que um pequeno “grunhido. Ainda me sentia parturiente. Afinal, estas horas não são para andar nestas aventuras. Minha rica caminha.

     “Eu sei que sou elegante, mas, pelo menos um lugarzinho para os meus pés de Cinderela.- A companheira de viagem estava a tentar sentar-se no seu lugar de honra. O colega do lado riu e disse:
     “Olha, pergunta ao pai. Ele é que é o especialista nos arrumos. - Riram os dois. Eu, voltei a emitir um sonzinho gutural, sem o nexo das palavras faladas entre os humanos.
 
A madrugada amanheceu nas montanhas ainda geladas com o eco da língua castelhana. O frio da manhã entrou-me pela pele, fora do automóvel. Cheirinho a café. Pão quentinho nas mãos preparadoras da mamã”. Cá o “Je” continuava a tiritar de frio com o meu “corta-vento” vestido no corpo do nosso filho, mesclado pela alegria do roubo antecipado, do meu casaquinho tão desejado. Mas nele também fica bem.

A chuva recebeu-nos à entrada da bela Biarritz; cidade costeira, princesa de França dignificando o oceano que a beija, na ondulação atlântica.

O Hotel era francês. A rececionista também. Aclarei a voz e disse no meu melhor francês:
     “Bonne nuit. Je suis Paulo Conde-Paulino et j'ai réservé une chambre. A francesa, olhou para mim e respondeu solícita:
     “Hola. Buenas noches. Bienvenido a nuestro hotel.- O meu “navegador escondeu-se atrás da mãe, a rir. A progenitora tentava, ingloriamente, manter a pouse de Condessa. Riram a bandeiras despregadas, duvidando da qualidade intrínseca do meu francês.

As camas da suíte eram excelentes. Alvas e convidativas. O cansaço da viagem já não dava para as "suites-musicais numa cadeia de danças ordenadas no romantismo que nos apraz.  A Condessa foi experimentar; adormeceu nos braços de Morfeu. O "Condinho” e eu, não conseguimos chegar aos respetivos leitos. Despertámos na manhã seguinte, já o sol ia alto. Tínhamos sucumbido ingloriamente nos sofás. Não chegámos a saborear o conforto dos Leitos-fraternais enfeitados pelas almofadas de penas e saudade.

Companheirismo: laços profundos. Memórias vivas...Abraços de amizade. Saudade. Vontade de voltar aos lugares onde nos sentimos livres, vivos. Recebidos com um carinho especial: verdadeiro. Amor no olhar da natureza, nossa, das coisas. Viajar com quem me ama de forma tão única... Arrebatador é o sentimento nestas viagens, ao visitar, visitando, a quem me quer tanto num companheirismo inigualável, leal, e verdadeiro.

Mergulho no Poema ao som da música que envolve:):https://www.youtube.com/watch?v=9rpJe84z1DM
 
*TESOURO, por PjConde-Paulino

 

No fundo, onde o mar adormece
Respiro algas e peixes em prata.

O sol, radiante de luz, não fenece
Vive e sente a melódica sonata.

No fundo do meu mar, és tesouro
Guardado no silêncio e nas vagas.

Na alma, emocionada no vindouro:
Oceano de ternura e águas rasas.

No fundo, és  pérola que encontrei
Na sístole, do meu coração de amar:
Senti o mar, de amar e mergulhei

No fundo, onde moras, e te amei
Na diástole do repouso a palpitar
O tesouro, escondido, encontrei.

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 In Castelo de Palavras e Sentimentos

quarta-feira, 23 de julho de 2014

APAIXONEI-ME POR UMA SENHORA CASADA!
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Ela estava na reunião de pais, na escola dos nossos filhos. Sentava-se quase sempre na última cadeira do grupo de encarregados de educação. Muito discreta, só a via intervir quando o assunto era o seu filho.

Reparei na cor dos seus olhos meigos. Mudavam de cor na medida da intensidade da luz que entrava pelas janelas: verdes escuros na penumbra, quase azuis na luz quente e aberta, raiados de castanho e verde-natureza à meia-luz. Nunca nos olhava diretamente, mostrava uma timidez atraente e sedutora.

Comecei a sentar-me na cadeira atrás dela. Sobre o ombro de pele clara e perfumada, a alça da camisola bonita seguia elegante até ao volume dos seus seios, escondidos debaixo do tecido de algodão.

Quando me aproximei, num movimento subtil perto do seu pescoço, inalei aquele perfume discreto, intenso, quente e envolvente. “Usa dos caros”,- pensei. Vi o interior da sua carteira aberta. Continha fotos: num dos lados da carteira elegante, não consegui ver quem estava na foto. “Seria do marido? -”No outro lado, bem visível, a do filho.

Quando passaram o documento para ser assinado por todos, perguntei se podia usar a sua esferográfica. “Claro”.-estendeu-me a mão. Segurei na esferográfica acariciei veloz e discreto as suas mãos. Gostei da sensação inesperada. Será que ela sentiu o prazer deste toque como eu senti? Porque me sinto atraído por esta senhora? O que tem ela que me deixa assim, interessado e com vontade de estar perto dela? Não posso cair no erro de desejar o que não posso desejar.

Passaram dois meses e, novamente a reunião de encarregados de educação. Sentei-me na última cadeira. Olhei em volta depois de cumprimentar o grupo. “Ela não veio?- pensei. Fiquei triste. A porta abriu-se, era ela. Abri o meu sorriso. Fiquei feliz.

Desta vez a sua cadeira habitual estava ocupada, sentou-se mesmo ao meu lado. Não olhou para mim, estava atenta ao que a diretora de turma dizia. “Sou-lhe indiferente. Ainda bem, senão isto podia ser um problema.” Mas queres enganar a quem?- Era este o diálogo dentro de mim.” Basta ela sorrir para ti e ficas rendido”. Tem juízo rapaz.”.

Levantei-me e pedi a palavra para dizer que não estava de acordo com o acordo apresentado. A diretora de turma pediu para que eu fosse mais concreto e apresentasse uma alternativa. Apresentei a alternativa. Foi rejeitada por todos exceto por ela. Sim, a senhora dos olhos meigos, perfumada, discreta e tímida pediu a palavra. Falou. Disse, e depois de ter dito, todos, todos os que antes rejeitaram a minha tese aprovaram-na sem qualquer ressalva. Aprovaram a minha alternativa reprovada. Que aconteceu ali?

Agradeci-lhe. Ela sorriu para mim. Eu sorri para ela. Mostrou-me a foto do marido. Surpreendido. Surpreendidos? O marido da senhora de olhos meigos de mil cores e ombros perfumados que me atraiu e me apaixonou, afinal -, Sou Eu!











Sou poema desnudo, vestido de musica:
https://www.youtube.com/watch?v=ivJrE_Wory0
    Camisa Elegante, por PjConde-Paulino
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     Abre a porta do roupeiro!
    Vês? Sou camisa elegante.
    Observa-me, lampeiro
    Silenciosamente....
    Abre a porta e abraça-me...
    Sê o que quiseres:
    Jardim de prazeres
    Princesa e fada
    Camisa na noite
    Carícia-deleite
    Flor perfumada
    Sorrindo tu és, a Mulher amada!

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    In poemas e sentimentos -PjCondePaulino