CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014



A AVE DO TEMPO
PjConde-Paulino

A prima Prosa chegou cerca das dez horas da manhã. O tio Criativo estava no escritório, ao fundo do quintal; mas, também estava em viagem, pelas estepes da Mongólia, a caminhar, na vegetação rasteira, com o clima frio e seco. Ali não há influência marítima; mas, as barreiras rochosas, são a realidade onde mora um povo, que precisa da sua bondade, antes da primavera.

A jovem Prosa, com os seus olhos castanhos, a brilhar, foi cumprimentar com um beijo a ti_Natural que estava de avental branco, na cozinha, a cantarolar uma moda alentejana, com as mãos e o rosto polvilhados de farinha; cozinhava muitos bolos, para oferecer ao Centro de Apoio a Famílias Carenciadas. Nessa manhã, a menina Poesia, estava particularmente saudosista. Quando viu a prima, correu para ela e deu-lhe um abraço muito efusivo. Estatelaram-se na relva do jardim com o rosto afogueado. Sentadas, a menina Prosa disse para a prima Poesia: «Agora, para ser perfeito, só falta aqui o amigo Poema». Parece que andava, lá, para os lados da courela do Chico Musical, a colher folhas de alecrim com o seu pai, conhecido na aldeia global por Guarda-Livros.

Elas, as bonitas primas, começaram a cantarolar, num dueto afinado – quase sempre –, até que, do fundo do jardim, escutaram uma gargalhada bastante sonora. Era o Poema, com as mãos sujas de terra e os pés descalços, com os dedos grandes a precisarem de passar pela água do tanque. Lançou-se, atrevido. A água saltou em mil direções e, as duas jovens, atiraram maçãs com bicho, na cabeça loira do amigo de infância.

Depois do banho do rapaz, a mãe de Poesia, trouxe um lanchinho apetitoso com chá e bolinhos. Satisfeitos, deitaram-se na relva à sombra fresca da palmeira. Nesse momento, Poesia, recordou aos amigos um período da história comum, quando viajavaram pelo sul de Portugal, nas asas de uma ave de mil cores, oferecida pelo Pai CriaTivo, no dia do seu nascimento. O nome da ave era Tempo. A Ave-do-Tempo. Poesia apertou a mão de Poema e ele, de pálpebras cerradas, com o som da água a correr na bica da fonte romana e os pintassilgos a chilrearem entre as folhas das laranjeiras, declamou:
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No princípio Criativo fez a terra
Deformada, pelas trevas do abismo
A poesia: pairava em finisterra
Nas águas infinitas, sem sofismo.
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O tempo, não teve tempo, e deu à luz
O prémio da vitória sobre as trevas
E o Poema: foi manhã em contraluz
O primeiro, dia puro e sem reservas.
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Mãe-Natural foi feliz no paraíso
Com a Prosa rabiscando liberdade
Inspirada em poesias de improviso
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Pariu amor, nesse tempo sem idade
Abençoando as crianças e o sorriso
Da poesia: no Poema-felicidade.
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Os três amigos fecharam os olhos...e voaram juntos -, nas asas da Ave-do-Tempo; sonhando a vida, a esperança e o amor - na união das tribos, povos e nações: através da linguagem fresca, da menina Poesia!
 
In Histórias da Menina Poesia - PjConde-Paulino

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

COMPANHEIRISMO
 

Decidimos. Está decidido. Vamos viajar! Os sorrisos apareceram: mais bonitos; ainda mais bonitos? Sem dúvida: inolvidavelmente indeléveis. Os dias e as noites não dormiam - tal a expetativa sonhada, pela estrada fora, antecipando as paisagens, surpreendidas, pela passagem dos nossos olhares a transbordar de curiosidade.
“Pai, está na hora. A mãe já prepara o pequeno almoço.”
"Já? - Olhei, duas horas da madrugada. Não consegui abrir os olhos, de sono, num parto difícil. Nem tinha passado uma hora. Pari a vontade-perfeita, das vontades comuns. Fiquei em pé, como se estivesse acordado. Não estava.
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A “magana,” estava preparada. Combustível a transbordar. Bagagens a saírem das fraldas. GPS preparado: “Hoje temos que fazer, quase, mil quilómetros. - Disse o navegador de serviço, sentado ao meu lado com a voz grave da manhã. Não consegui emitir mais do que um pequeno “grunhido. Ainda me sentia parturiente. Afinal, estas horas não são para andar nestas aventuras. Minha rica caminha. “Eu sei que sou elegante, mas, pelo menos um lugarzinho para os meus pés de Cinderela."- A companheira de viagem estava a tentar sentar-se no seu lugar de honra. O colega do lado riu e disse: “Olha, pergunta ao pai. Ele é que é o especialista nos arrumos." - Riram os dois. Eu, voltei a emitir um sonzinho gutural, sem o nexo das palavras faladas entre os humanos.
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A madrugada amanheceu nas montanhas, ainda geladas, com o eco da língua castelhana. O frio da manhã entrou-me pela pele, fora do automóvel. Cheirinho a café. Pão quentinho, nas mãos preparadoras da mamã”. Cá o “Je” continuava a tiritar de frio, com o meu “corta-vento” vestido no corpo do nosso filho, mesclado, pela alegria do roubo antecipado, do meu casaquinho tão desejado. Mas, nele, também fica bem.
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A chuva recebeu-nos à entrada da bela Biarritz; cidade costeira: princesa de França, dignificando o oceano, que a beija, na ondulação atlântica. O Hotel era francês. A rececionista também. Aclarei a voz, e disse, no meu melhor francês: “Bonne nuit. Je suis Paulo Conde-Paulino et j'ai réservé une chambre". A francesa olhou para mim, e respondeu, solícita: “Hola. Buenas noches. Bienvenido a nuestro hotel.- O meu “navegador" escondeu-se, atrás da mãe, a rir. A progenitora tentava, ingloriamente, manter a pouse de Condessa. Riram a bandeiras despregadas, duvidando da qualidade intrínseca do meu francês.
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As camas da suíte eram excelentes, alvas e convidativas. O cansaço da viagem já não dava para as "suites-musicais, numa cadeia de danças, ordenadas no romantismo que nos apraz. A Condessa foi experimentar; adormeceu, nos braços de Morfeu. O "Condinho, e eu: não conseguimos chegar aos respetivos leitos. Despertámos: na manhã seguinte -, já o sol ia alto. Tínhamos sucumbido, ingloriamente, nos sofás. Não chegámos a saborear o conforto dos leitos-fraternais, enfeitados pelas almofadas de penas e saudade.
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º ********************************************************************************************************** Companheirismo: laços profundos. Memórias vivas, abraços e saudade! Viajar com quem me ama de forma tão única é algo arrebatador...Arrebatador, sim: é indesmentível, o sentimento nestas viagens, ao visitar, visitando a quem nos quer tanto: companheirismo inigualável: leal, e verdadeiro. . Texto de viagens, por PjConde-Paulino
 
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Texto de viagens, por PjConde-Paulino