Memórias do Alentejo – Minha Infância
Quem pode desfrutar da compensação de olhar o horizonte
no cume do monte, sem ter um objectivo prático, senão o poeta?
Ele sabe, “que é único no seu sonho, naquele lugar sem igual
arquitectado por Deus, no atelier da nobreza de carácter
entre pinheiros, na fronteira do Chaparral, salpicando a planície
no horizonte saudoso da memória.
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“Avez – vous quelquefois, calme et silencieux,
Monté sur la montagne en présence des cieux? “
... de mãos dadas com a memória, eu sou:
Senhor de mil ninhos de esperança.
Olho o voo cadenciado do pintassilgo;
perdido entre sorrisos na gargalhada
andorinha de vestido, preto e branco
faz no beiral vermelho, a sua morada.
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Pé ante pé, quase em silêncio, escuto,
filhotes de perdiz na moita em frente
sinfonia, alegria; no cimo do salgueiro
sou senhor de mil ninhos, doravante.
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A fisga...que “pinta” de arma, no bolso
orgulho de quem sabe viver no campo
sou caçador, entre quimeras vivo solto
qual criança, como águia estou voando.
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Ser criança, é ser livre, feliz no ensejo
ontem, hoje, amanhã; que sonho terno
vou ver-vos, meus amigos D`além Tejo
aqui o mar dança, no céu assim tão belo.
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Senhor de mil ninhos de esperança.:)
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