CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

COMPANHEIRISMO
 

Decidimos. Está decidido. Vamos viajar! Os sorrisos apareceram: mais bonitos; ainda mais bonitos? Sem dúvida: inolvidavelmente indeléveis. Os dias e as noites não dormiam - tal a expetativa sonhada, pela estrada fora, antecipando as paisagens, surpreendidas, pela passagem dos nossos olhares a transbordar de curiosidade.
“Pai, está na hora. A mãe já prepara o pequeno almoço.”
"Já? - Olhei, duas horas da madrugada. Não consegui abrir os olhos, de sono, num parto difícil. Nem tinha passado uma hora. Pari a vontade-perfeita, das vontades comuns. Fiquei em pé, como se estivesse acordado. Não estava.
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A “magana,” estava preparada. Combustível a transbordar. Bagagens a saírem das fraldas. GPS preparado: “Hoje temos que fazer, quase, mil quilómetros. - Disse o navegador de serviço, sentado ao meu lado com a voz grave da manhã. Não consegui emitir mais do que um pequeno “grunhido. Ainda me sentia parturiente. Afinal, estas horas não são para andar nestas aventuras. Minha rica caminha. “Eu sei que sou elegante, mas, pelo menos um lugarzinho para os meus pés de Cinderela."- A companheira de viagem estava a tentar sentar-se no seu lugar de honra. O colega do lado riu e disse: “Olha, pergunta ao pai. Ele é que é o especialista nos arrumos." - Riram os dois. Eu, voltei a emitir um sonzinho gutural, sem o nexo das palavras faladas entre os humanos.
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A madrugada amanheceu nas montanhas, ainda geladas, com o eco da língua castelhana. O frio da manhã entrou-me pela pele, fora do automóvel. Cheirinho a café. Pão quentinho, nas mãos preparadoras da mamã”. Cá o “Je” continuava a tiritar de frio, com o meu “corta-vento” vestido no corpo do nosso filho, mesclado, pela alegria do roubo antecipado, do meu casaquinho tão desejado. Mas, nele, também fica bem.
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A chuva recebeu-nos à entrada da bela Biarritz; cidade costeira: princesa de França, dignificando o oceano, que a beija, na ondulação atlântica. O Hotel era francês. A rececionista também. Aclarei a voz, e disse, no meu melhor francês: “Bonne nuit. Je suis Paulo Conde-Paulino et j'ai réservé une chambre". A francesa olhou para mim, e respondeu, solícita: “Hola. Buenas noches. Bienvenido a nuestro hotel.- O meu “navegador" escondeu-se, atrás da mãe, a rir. A progenitora tentava, ingloriamente, manter a pouse de Condessa. Riram a bandeiras despregadas, duvidando da qualidade intrínseca do meu francês.
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As camas da suíte eram excelentes, alvas e convidativas. O cansaço da viagem já não dava para as "suites-musicais, numa cadeia de danças, ordenadas no romantismo que nos apraz. A Condessa foi experimentar; adormeceu, nos braços de Morfeu. O "Condinho, e eu: não conseguimos chegar aos respetivos leitos. Despertámos: na manhã seguinte -, já o sol ia alto. Tínhamos sucumbido, ingloriamente, nos sofás. Não chegámos a saborear o conforto dos leitos-fraternais, enfeitados pelas almofadas de penas e saudade.
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º ********************************************************************************************************** Companheirismo: laços profundos. Memórias vivas, abraços e saudade! Viajar com quem me ama de forma tão única é algo arrebatador...Arrebatador, sim: é indesmentível, o sentimento nestas viagens, ao visitar, visitando a quem nos quer tanto: companheirismo inigualável: leal, e verdadeiro. . Texto de viagens, por PjConde-Paulino
 
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Texto de viagens, por PjConde-Paulino
 

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