CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

terça-feira, 26 de agosto de 2014






LÁPIS DE CARVÃO, por PjConde-Paulino


Na ponta do lápis o carvão marca a folha amarelecida pelo tempo. Eu sei que ainda somos aqueles meninos a brincar junto da oliveira onde a videira se abrigou na vinha dos teus avós. O lápis não para de desenhar os números dos dias que vivemos juntos, na alma além do físico.
 
Desenho o teu sorriso discreto e o dedo da tua mão no meu nariz. Oiço as gargalhadas puras quando montávamos os póneis-cadeiras à volta da mesa da sala da tua mãe. Escrevo os dias da tua ausência na cidade grande e eu perdido debaixo das azinheiras, pelo medo de te perder para sempre. A ponta do lápis partiu-se, nesses anos, antes de te encontrar adolescente, lá longe na cidade grande, além do tejo.
 
A navalha afiada serve para afiar o lápis e volto a desenhar sobre a folha do tempo. Desenho as memórias, os desencontros os reencontros, e o amor. Na ponta do lápis desenho-te novamente. Nem sempre desenhei a vida com perfeição. Mas em ti encontro a vida, e esta vontade para desenhar, meu amor.

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