O caso "Esmeralda" continua, infelizmente, a chocar os portugueses em geral e a mim também.
Hoje estava a ler um artigo de opinião do jornal de notícias e o jornalista, João Miguel Tavares fez-me pensar, mais uma vez no "superior interesse da criança" seja lá o que isso for nesta caso particular.
Normalmente não trago para este espaço estes assuntos fracturantes, mas ás vezes vale a pena pensar um pouco. Qual a "qualidade" dos executantes da nossa "justiça"?- vejam o artigo, por favor.
"PARA QUÊ UM PSIQUIATRA QUANDO SE TEM UM JUIZ?
João Miguel Tavares
Jornalista - jmtavares@dn.pt
Esqueçam por um momento Baltazar e o sargento Luís Gomes, mais as razões que assistem a cada um. Todos sabemos que o caso Esmeralda é uma espécie de conflito israelo-palestiniano dos afectos: não há soluções fáceis e no fim todos acabarão por sofrer. Concentremo-nos, pois, na questão fundamental, que tendo em conta o já famoso "interesse superior da criança" só pode ser esta: como se encontra Esmeralda neste momento? Com quem deve ela ficar a bem do seu equilíbrio emocional? E ainda antes disso: quem tem competência para decidir sobre o estado psicológico de uma menina de seis anos?
Segundo o Tribunal de Torres Novas, a competência para decidir sobre o estado psicológico de Esmeralda recai na juíza Mariana Caetano. A juíza, para fundamentar a sua decisão de entrega definitiva ao pai biológico, explicou que Esmeralda está "bem, alegre e não evidencia qualquer sinal de ansiedade" na companhia de Baltazar. A juíza acrescentou que a menina está determinada a ser reconhecida pelo nome de Esmeralda (em vez de Ana Filipa, como é tratada pelo casal Gomes), adiantando que ela "já escreve o nome em desenhos que elabora e até pediu na escola que a tratassem por Esmeralda". Ora é isto que me assusta. Há uma juíza deste país que me quer fazer crer que uma criança de seis anos possa sentir como naturalíssima a mudança súbita de família e de nome próprio. E, já agora, até sentir um certo regozijo nisso.
É possível que tal aconteça? Se calhar até é. Duvido é que a senhora juíza tenha competência para o avaliar. Afinal, onde é que estão os médicos no meio de tudo isto? Até Maio de 2008 a criança estava a ser acompanhada pela equipa de pedopsiquiatras do Hospital de Coimbra, que se opôs à entrega rápida da menina, por poder pôr em causa o seu equilíbrio emocional. O pai biológico acusou a equipa de falta de isenção e Esmeralda passou a ser acompanhada no Hospital de Santarém.
A equipa deste hospital, por sua vez, referiu há apenas três semanas que existia "risco de aparecimento de sintomatologia depressiva", devido à "exacerbação da ameaça da perda das figuras que considera ser seus verdadeiros pais", e por a menina atribuir a Baltazar apenas "um papel lúdico".
Mas, na hora de decidir, nada disto foi tido em conta, certamente porque os senhores doutores estavam com dificuldade em perceber esta verdade básica: o superior interesse da criança(? -ou) e o superior interesse dos tribunais são um só.
A juíza escutou as técnicas de reinserção social e viu com os seus próprios olhos como a criança anda feliz com o pai biológico. Isso, pelos vistos, chegou. Os pedopsiquiatras bem podem protestar. Se o tribunal decidiu que Esmeralda deve ficar com Baltazar, então é evidente que Esmeralda quer muito ficar com Baltazar. Médicos? Só atrapalham".
Como diria o saudoso Fernando Pessa: - E esta en..?
12 comentários:
pobre criança...já tinha uma família, uma vida calma e estável, bem estar..alegria e tudo o que queria, quando aparece um suposto "pai", vindo sabe-se lá de onde ...e entregam uma criança assim dessa forma, apenas porque é o pai biológico...
Acima de tudo deviam pensar na criança..enfim..é um caso complicado e acaba por ser triste.
Mas é a nossa realidade.
Kris:
Quanto mais tempo vivo com os humanos mais os "desconheço"...
O velho ditado que diz: O bom julgador por si se julga" neste período da História está a ficar sem sentido.
Pois se os próprios "julgadores" os Experts na matéria deixam tanto a desejar em matéria de verdadeiro amor e afectos....
Beijos
Olá amigo
Neste caso bastante polémico a única pessoa que sofre é a pequena Esmeralda. E como mãe que sou toca-me bastante.
Beijinhos
SOnhos:
Amiga e vizinha porque será que a justiça humana está tão pouco inteligente em matéria de afectos; neste caso por tudo o que uma criança tem e vai sofrer?
Há um egoísmo da parte dos adultos...uma prepotência da parte dos tribunais....
Um beijo com mta amizade
OLA! bom dia e bom ano!
em relação a este assunto...eu acho que a menina deve ficar junto de quem a criou!
onde estava o pai biologico quando ela nasceu? porque não a quis na altura?
Creio que com os pais afectivos terá muito mais estabilidade e um futuro muito melhor, a todos os niveis!
Ondinhas:)
Considero que pai é quem cria, dá afecto, ama..e não necessáriamente o que usa a "anatomia"
Mas neste caso eu, nem estou a pensar em quem deve ou não ficar - problema dos adultos -
O que me ASSUSTA é uma decisão de uma Juiza contrária á opinião dos médicos especialistas na matéria.
Que conhecimentoscientificos ou outros tem "ela" para simplesmente entregar a criança a uma pessoa estranha ( ainda que pai biológico? -
Cabe na cabeça de alguém de bom senso uma coisa destas? - alguem acredita que simplesmente pode apagar quase sete anos de vida duma criança?= - Que loucura é esta?
Caro Pjsoueu,
O papel da imprensa neste caso foi o de desinformar.
Penso que, antes de se debitarem disparates, as pessoas deveriam inteirar-se do que aconteceu e pensar muito seriamente no que acontece quando a imprensa resolve manipular a opinião pública, quiçá em casos mais importantes.
Ou ainda sonha que a imprensa é verdadeiramente livre em Portugal?
Você sabia, por exemplo, que o sobrinho da Dr.ª Maria Barroso é Presidente do Conselho de Administração da Lusa? Não? Então leia aqui a referência a um "Capitão miliciano J. Manuel Barroso (sobrinho de Mário Soares)", no Centro de Documentação 25 de Abril.
Você sabia que esta Agência Noticiosa conclui sempre as suas notícias com algo do género: "A menor, que faz sete anos em Fevereiro, foi entregue pela mãe ao casal Luís Gomes e Adelina Lagarto quando tinha três meses de idade, num momento em que o pai não tinha ainda assumido a paternidade, algo que só fez quando a criança tinha um ano"?
Você sabia que isto é falso? Não? Então aconselho-o a ler a resenha histórica do despacho de entrega da pequena Esmeralda e tire as suas conclusões:
Despacho de entrega
Sinceramente?..estou cansada desta historia toda, o amor por vezes passa por abrir mão daquilo que achamos bom para nós mas que não o será para os outros, neste caso para a pequena. Também não acredito nesta mudança...foi rapida demais..
de:
O meu espanto" tb é esse esta "entrega repentina....é inconcebível, não quero saber do jurídico" nem dos adultos mas sim da forma irresponsável como uma "juíza toma uma posição radical..
Isto faz-me ter medo e nao confiar no justiça....em Portugal.
Enfim é o Portugal que temos..
Amiga, um beijo e um dia lindo:)
Meu caro "Anónimo" preferia a tua identidade.
Mas relativamente ao caso, eu não duvido que juridicamente o tribunal até possa ter razão, embora peque por muito---mas muito tardia..
O que me preocupa é o facto da criança ter sido literalmente "Arrancada" da árvore onde ela estava ligada, seja ela qual for...
O bom senso - senso comum - era que fosse algo gradual e mesmo assim com os devidos cuidados.....
Meu caro, A" eu sei que a comunicação social está dependente de muitos interesses económicos...mas a "Criança" vai muito além desses interesses.
Entende o meu ponto de vista?
UM abraço e volte sempre; e, se possível com identificação::) Que neste espaço há liberdade com responsabilidade:)
Sempre considerando
O que me surpreende é a passagem súbita do mau "Baltazar" para o mau "sargento".. a importância que os media exercem na opinião pública.. e leveza com que tudo se muda..
Tenho pena da criança que vai sofrer no futuro muitas mágoas causadas por esta situação..
Um abraço
Tá-se:
É como diz; não podemos confiar em tudo que os media nos querem impingir"
A preocupação vai mesmo é para o futuro mental desta criança....
Um abraço, volte sempre...
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