CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

CASTELO ONDE TE SONHO POESIA

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


 
 

NA PERFEIÇÃO, por PjConde-Paulino


Era perfeito. Perfeito? Sim, nas imperfeições que apresentava. O mundo era novo, todos os dias, naquela terra de gente velha. Eleito, pela ordem de chegada, o morador do ano, era, entre as habitantes antigas, o assunto preferido das conversas desdentadas.

Os trinta a e oito anos eram novos e provocantes. « O rapaz, o da cidade, parece boa pessoa! Parece? Isto, quem vê caras não vê corações! Que pena, ter aquela marca na cara; não fora isso e seria perfeitinho, um príncipe.»

Cansado da cidade e do stress da profissão, decidiu, depois do acidente, voltar às origens. Voltou. Encontrou, no meio da serra, um aglomerado de casas com três casais septuagenários, três viúvas centenárias, um solteirão com menos de sessenta anos e, ainda, dois casais, com cinquenta e nove primaveras. Ah, e uma amiga de infância, da sua irmã mais velha, com 45 anos; a Rosa.

A Rosa já fora casada; enviuvou. « Está boa, esta Rosa». Pensou o “Perfeitinho” antes das dez da noite. «Nunca pensei encontrar uma flor, ainda viçosa, nestas serranias». Quando as corujas saíram para caçar ela entrou, pela porta dos fundos, para ver o filme no computador do rapaz. Com algumas imperfeições a noite aperfeiçoou-se; e, nove meses depois, a Rosa foi mãe. Ele, inesperadamente, ficou perfeito; era pai. Pai! Na perfeição do seu filho.

 

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